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14 Fev 2025
    Categoria: Intervenção no espaço público
    Concelho: Bragança


Primariamente alguns poderão considerar, através das imagens e dos vídeos aqui introduzidos, que o Movimento JNT é algo que se esgota num passado de atraso económico e social, mais num apelo ao saudosismo.
Temos consciência que historicamente não podemos regressar a esse passado, onde por diversas circunstâncias pessoais e legítimas, poderemos entender como o nosso período de eleição.
Cabe à história estudar as ações humanas passadas, através da análise dos diferentes eventos, processos e contextos que surgiram, para compreendermos como a sociedade transmontana evoluiu ou estagnou, influenciando desta forma o nosso presente.
A título de exemplo, quando abordamos as Linhas do Douro, Tua e Sabor, temos consciência que economicamente jamais poderia concorrer, nos dias de hoje, com os meios de transporte actuais. Aliás, e historicamente, quando acabaram de ser construídas, nos primeiros anos do século passado, a camionagem já ganhava na concorrência.
Quando estas linhas terminaram, poucos tomaram consciência que nunca houve qualquer investimento na renovação do percurso. Estavam como antes do advento da 1ª República de 1910. Durante quase 90 anos não se fizeram obras estruturantes. Simplesmente foram abandonadas, tal como as populações que serviam.
Temos consciência que o caminho de ferro ajudou à emigração do interior transmontano para o litoral, mas por outro lado, foi fundamental na exportação dos produtos agrícolas. Mas uma das suas mais-valias deve ser descrita historicamente, em termos do não isolamento das populações transmontanas.
Contudo temos a firme certeza, que a mais bela linha ferroviária portuguesa (Linha do Tua), seria viável economicamente e lucrativa a nível turístico, desenvolvendo as populações locais através do turismo nacional e internacional: 
 

  • Turismo ferroviário
  • Indústria hoteleira
  • Desportos de lazer
  • Comercialização de produtos regionais
  • Emprego local

 

“Na memória coletiva da aldeia de Salsas, próxima de Bragança, permanece a história do dia 27 de Abril de 1910, em que Abílio Beça, que viajava de Lisboa para Bragança, saiu do comboio para cumprimentar a população, aproveitando a paragem na estação local.”
“…o ilustre Bragançano Abílio Beça acabou por ser vítima do comboio por que tanto lutou.”
Notícia RTP

 

A Linha do Tua foi encerrada pelo Administrador da CP da altura, personalidade de nomeação política, sem qualquer sensibilidade cultural, com total desconhecimento do Nordeste transmontano. Mas o que não podemos admitir e esquecer, foi a conivência de políticos de referência como Mário Soares, Cavaco e Silva e os deputados representantes do nordeste transmontano, repito “deputados representantes do nordeste transmontano”. Eleitos para nos representarem e não para estar alinhados com o poder central, desconhecedor da realidade do Nordeste transmontano.
Na altura as populações manifestaram o seu descontentamento e frustração de forma passiva, estando presentes ordeiramente, observando o seu património a ser “roubado”. Devemos considerar o termo “roubo” como o mais adequado ao momento. Na época não estiveram sozinhas. Foram ajudadas por pessoas conscientes do crime “social” e “cultural” que estava em curso. Devemos também muito à comunicação social regional e nacional, que ajudou em muito, a denunciar…
Definitivamente seria destruída no mandato de Sócrates, através do projeto da barragem do Tua. A ele esteve associado um diretor da EDP: António Mexia. Sabemos que ambos estão a prestar contas com a justiça.
Destrui-se a mais bela linha ferroviária de Portugal, habitats naturais (fauna e flora) únicos e, ao alterar-se a paisagem, colocou-se em causa a classificação da região do Douro como Património da Humanidade.
Questionamos o lucro tiveram os transmontanos com esta obra megalómana, indiretamente paga por todos nós, através de uma energia elétrica mais cara.
Questionamos esta democracia, que julgamos autoritária, onde as multinacionais mais poderosas, têm a capacidade de se sobrepor às decisões políticas, que deveriam ir de encontro às populações.
Não podemos deixar de aqui referir (através de uma reportagem de um canal da comunicação social) da famosa noite onde de forma orquestrada, a mando da administração da CP, pela “calada da noite”, a locomotiva e as carruagens foram roubadas, na base do argumento que iriam para arranjo. Manifestações houve, populações revoltadas e esquecidas reclamaram. Mas nada havia a fazer nesse momento, a não ser a prisão para quem impedisse tal acto repugnante e grotesco.
De forma desorganizada e passiva, a população assistiu a este vergonhoso acto teatral e autoritário, por parte dos nossos governantes da altura. Foi uma machadada na democracia e no seu descrédito. Os transmontanos perderam o Comboio porque não assumiram o Papel de Cidadania.
 


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