Eleições Autárquicas em Bragança
Uma questão de virilidade intelectual?
Quer os envolvidos nas máquinas do Partido Social Democrático e do Partido Socialista, bem como alguns órgãos de Comunicação Social, parecem pretender limitar e sublimar esta campanha para as Eleições Autárquicas 2025 de Bragança, a uma espécie de avaliação de carácter e curricular, entre Isabel Ferreira e Paulo Xavier.
Será certamente esta a forma que têm para anular as outras candidaturas e evitar abordar os problemas que a população Brigantina sente no dia a dia, e tanto anseia ver resolvidos.
Bragança não se debate com a avaliação de carácter de Isabel Ferreira e Paulo Xavier.
Debate-se sim, com o abandono da região pelo poder central, com a desertificação populacional, falta de emprego para os mais jovens obrigados a emigrar, entre outros.
A máquina bem afinada do Partido Socialista, já que a independência simulada da Isabel Ferreira é falsa, tenta fazer uma avaliação de carácter sobre Paulo Xavier como sendo “homem da noite”, “incapaz” de decidir ou avançar para qualquer tipo de projecto estruturante.
Por outro lado, apresenta-se Isabel Ferreira como o “Cristiano Ronaldo”, não dos golos, mas dos artigos e das publicações científicas, à frente de todos os rankins a nível mundial.
Em primeiro lugar importa aqui afirmar que as “medalhas” da Isabel Ferreira nocampo científico, bem como o lugar que exerceu enquanto Secretária de Estado e agora de deputada, não são garantias curriculares para a complexa gestão de proximidade com as populações na gestão autárquica. Aliás os resultados insignificantes e nulos estão bem à vista.
Já nos habituámos a ver, nos últimos anos, uma senhora elegante, vestida de branco, a decorar a bancada do Partido Socialista na Assembleia da República, mas, parece limitar-se a decorar”, como acabámos de referir. O mesmo sucedeu enquanto Secretária de Estado com gabinete em Bragança. Desconhece-se o que realmente de estruturante fez para a região, a não ser, dar a ideia socialista de uma descentralização (“artificial”) do poder.
Perante o seu evidente exercício político, ao serviço do poder instalado na capital, devemos verdadeiramente abordar a questão das publicações científicas, porque em tudo na vida, importa sempre considerar e reflectir sobre a utilidade das mesmas, para além das questões de ordem ética que se devem colocar e são inerentes.
Importa considerar que só devemos verdadeiramente, dar importância, à designada “Investigação Aplicada” já que responde directamente, no presente caso, às dificuldades dos agricultores e contribuí socialmente, para o progresso desta sociedade transmontana, que todos nós somos chamados a colaborar.
Isabel Ferreira conseguiu ascender e fazer, através dos contactos políticos, parte de uma restrita elite social, dominante, neste regime democrático.
Isabel Ferreira é docente da Escola Superior Agrária de Bragança do IPB onde, outras e outros docentes, de superior importância na designada “Investigação Aplicada” muito têm ajudado a nossa região e os agricultores. A título de exemplo, referimo-nos à Professora Eugénia que muito tem feito pelas doenças do castanheiro e de outras árvores autóctones da região.
Contudo não pertence à elite política, por ser uma Senhora Professora discreta e envolvida totalmente, nessa nobre missão de contribuir, no seu campo, para a comunidade transmontana.
Mas convém, para quem pouco está familiarizado com o mundo académico, perceber a utilidade e objectividade destas publicações, fora da referida “investigação aplicada”. Na realidade, estas publicações servem apenas para a rápida acensão na carreira docente, o prestígio da instituição onde trabalham e para a internacionalização académica do país.
E neste campo, também não devemos deixar de colocar questões de ordem ética, relativamente a como construímos este invisível currículum sob o ponto de vista social.
Será possível alguém realizar uma média de 2 publicações diárias, em alguns campos que não provavelmente não terá qualquer competência ou formação, acumulando ao mesmo tempo a docência, um lugar político, a direcção de um centro de investigação, ou mesmo a nobre responsabilidade familiar?
A resposta é um NÃO afirmativo!
É que neste mundo académico hermético, as questões éticas parecem não se colocar para muitos, que têm uma ambição desmedida e um Ego avassalador. É bastante confortável termos um centro de investigação a produzir artigos, com investigadores a colocarem de forma graciosa o nosso nome no trabalho produzido, a ter acesso a equipamentos na ordem dos milhões, para uma investigação de utilidade duvidosa, descontextualizada socialmente e sem qualquer aplicação. Como é possível participar na investigação científica em áreas nas quais não possuímos qualquer competência?
Livremo-nos, de ser obrigados a suportar o peso das medalhas dos outros, como argumento válido, para o futuro dos Bragançanos.
Bragança não é um laboratório de investigação! É uma comunidade de pessoas com uma cultura própria e ancestral, onde várias gerações e identidades se cruzam, para as quais é necessária a devida humildade para quem vai gerir os seus destinos nos próximos anos.
Em tudo na vida, as questões morais podem ou não ser colocadas, mas as éticas jamais poderão ser desprezadas, em tudo o que fazemos.
Bragança não aceita que o debate autárquico se limite a uma pseuda, que passo a citar, virilidade intelectual.
Certamente que os Bragançanos não querem ver por aqui, alguém a dirigir o seu presente e futuro, com um Ego gigantesco, elitista, possuidora de milhares de publicações eticamente questionáveis, sem qualquer experiência social e comunitária, a formatar a cidade como de um espaço laboratorial se tratasse.